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Vida em Vénus? Astrónomos encontram fosfina nas nuvens de Vénus.

  
   Na passada segunda-feira, pesquisadores da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, juntamente com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de fosfina na atmosfera de Vénus. 


Fotografia tirada pela sonda Mariner 10 em 1974.

   Vénus, assim chamado em homenagem à deusa romana do amor e da beleza é um planeta coberto por densas nuvens compostas de dióxido de carbono e uma pequena quantidade de nitrogénio, e umas ‘gotas’ de ácido sulfúrico. A temperatura média no planeta é de 461℃, o que torna a superfície venusiana mais quente que a de Mercúrio, que atinge um máximo de 420℃ na sua superfície. Devido a estes motivos, poucos se tem focado no planeta como possível hospedeiro de vida. Em vez disso, cientistas têm-se focado em Marte e mais recentemente na lua de Saturno, Europa Enceladus e outras luas geladas dos planetas gigantes.

   A fosfina (H3P), ou fosfano, é um gás à temperatura ambiente, incolor, inflamável e tóxico, cujo ponto de ebulição é de -88 (a 1atm). No seu estado puro a fosfina é inodora, contudo quando misturada com ar, mas num estado altamente concentrado, apresenta um cheiro semelhante a peixe podre. A fosfina está associada à vida porque é encontrada nos micróbios que vivem nas entranhas dos animais. A substância também está presente em ambientes pobres em oxigénio, como pântanos. A fosfina é mais comum, entretanto, no controle de pragas e na indústria eletrónica. 

Molécula de fosfina (Representação criada por Luís Januário)

   Devido a acidez do planeta, não era espectável encontrar fosfina na atmosfera do planeta, pois imaginava-se que a acidez levaria á degradação da molécula. A descoberta foi divulgada como indicador de um novo processo inorgânico ou um indicador de atividade biológica microbiana. 

   Muitos cientistas defendem a ideia de que Vénus já foi parecido com a Terra. Coberto em água e com uma atmosfera semelhante à nossa. Contudo, acredita-se, que devido ao aumento de temperatura no

planeta a água se tenha evaporado e posteriormente dissociado e, devido à inexistência de um campo magnético, o hidrogénio foi arrastado para o espaço interplanetário por ventos solares. Devido à densa atmosfera a pressão na superfície no planeta é 92 vezes superior à da Terra. A densa e opaca atmosfera também impede que a superfície do planeta seja vista no espectro da luz visível. Portanto, sabemos até agora que a superfície do planeta, tem uma temperatura média de 461, uma pressão 92 vezes superior à terra e que a sua atmosfera é composta essencialmente por dióxido de carbono com uma pequena quantidade de nitrogénio. Vida como a conhecemos não existiria em tais condições. Então, como é possível que a existência de vida em Vénus seja uma das possibilidades para a existência das quantidades, fora do normal, de fosfina na atmosfera de Vénus? Bem, em primeiro o composto foi encontrado a uns 50/60 Km de altitude onde as condições não são tão hostis à vida como a conhecemos. A 50 Km de altitude a temperatura ronda os 75 e uns 5 Km mais acima uns 27. A esta altitude a pressão causada pela densa atmosfera é praticamente inexistente e a força gravítica sentida será de 0.904 g (na terra é 1 g). Pelo que, de alguma forma, poderá existir vida anaeróbica (vida sem oxigénio).  





Bibliografia

  • Arnett, Bill. Venus . The Nine Planets, A Multimedia Tour of the Solar System, 2005. Disponível em http://nineplanets.org/venus.htm
  • Bains, W.; Cartwright, A.; Clements, D.; Coulson, I.; Drabek-Maunder, E.; Fraser, H.; Friberg, P.; Greaves, J.; Hoge, J.; Lee, E.; Mueller-Wodarg, I.; Ranjan, S.; Richards, A.; Rimmer, Sagawa, H.; P.; Seager, S.; Sousa-Silva, C.; Petkowski, J.; Zhan, Z. (2020). Phosphine gas in the cloud decks of Venus. Acedido a: 18 de Setembro de 2020, em: https://www.nature.com/articles/s41550-020-1174-4 

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